sábado, 22 de setembro de 2007

COTAS



Malandro é o gato porque nasce com bigode?

Há poucos dias foi realizada em Salvador uma passeata gay, e foi justamente neste dia que recebi o telefonema de uma pessoa querida que me confidenciou: “peguei branquinho no flagra; me deu uma dor ! chega ele estava com os olhinhos virados”.
Bom, vamos explicar:
Esta pessoa a que me refiro cria três gatos,um de raça chamado branco, um mestiço chamado marrom, e um vira lata que não lembro o nome, mas que é de cor preta, ou afro, como queira.

O fato é que, meses atrás, em visita a casa desta pessoa, percebi que os gatos tem tratamento desigual; o branco dorme dentro de casa, sobe no sofá, come a hora que quer, tem o prato mais bonito, a coleira, etc. enquanto que o mestiço e o preto dormem no telhado, matam rato no quintal, comem sobras, etc.
Diante de tamanha desigualdade resolvi interceder na ordem que ali estava estabelecida e sugeri a criação de cotas para garantir aos gatos, marrom e preto, os mesmos direitos do gato branco. Meu discurso não foi muito convincente, mas, de alguma maneira surtiu o efeito desejado, pois, os gatos passaram a ter acesso irrestrito pela casa, a comerem da mesma ração, no mesmo horário, etc. Certamente foram conquistas históricas para os gatos excluídos.
Ocorre que, com o passar do tempo o gato branco começou a perder espaço; agora, além de ser minoria populacional, não tinha os privilégios de antes, nem predileção em nada, pior que isto, ele sempre era o último em tudo, passou a comer sobras, dormir no relento, etc.
Quando percebi o que estava ocorrendo me senti culpado, fui tomado pelo remorso, fiquei intranqüilo, e me lembrei de meu cunhado.

O meu cunhado
Bom, o meu cunhado é um sul-africano, loiro, heterossexual, que mora em Londres.
Sabe o que isto significa? Que na África do sul, segundo ele relata, criou-se tantas cotas que quem nasce branco e heterossexual não consegue emprego e tem que ir embora do país. Tem cota para negros, mestiços, mulheres, deficientes e também para homossexuais. Assim, quem... o quêêê! Cota pra gay?! É isto mesmo, é a chamada política do “ou dá ou desce”, ou melhor, ou dá ou vai embora.

Voltando...
Resolvi então acabar aquela história de cotas, afirmei que o branquinho estava sofrendo, que ele tava sendo excluído sem que ninguém intercedesse por ele. Ninguém se sensibilizou e ainda me apontaram como o idealista das cotas. Fiquei fudido e resolvi contar a história de meu cunhado, que foi pra Europa pra não ter que “tomar” no sul! Eu temia que o gato fosse embora, argumentei que ele iria morar com o vizinho, mas nada adiantou.
Enquanto eu narrava a história o gato escutava tudo atentamente e me olhava me culpando pela situação.
Perdi a batalha, nada mudou. Eu seguiria minha vida sabendo que o gato branco a qualquer tempo tomaria outro rumo.

Entretanto, quando recebi o telefonema, aquele no dia da passeata gay, lembrei novamente de meu cunhado, das cotas, da política do “ou dá ou vai embora”, e comecei a refletir; não podia ser verdade, logo o gato, que já nasce de bigode, parente do leão, felino caçador,... não pode ser verdade, de olhinho virado?!...Mas não tive escolha e proferi a sentença: “ESTE GATO É VIADO, COTA PRA ELE!”.

Se essa moda pega, o que vai ter de olhinho virado por ai!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

AMOR

O AMOR EXISTE ?

Não importa se estou ou não apaixonado, mas sei que o amor existe. O amor não se confunde com a paixão, realmente não.
Durante muito tempo relutei e combati a existência do amor em razão do seu abstrativismo, por ser algo impalpável. De repente, percebi que, assim como o amor, nada é palpável !
Como podia acreditar na existência de um Estado, de uma Federação, da Soberania, da Lei Fundamental, e em tantas outras abstrações que parecem concretas, e não acreditar no amor?!
Tantas ficções tornam o mundo concreto, por que não concretizar o Amor?!
Agora eu sei: Ele existe, dizem que doi, mas existe.
Portanto, não vou mais acreditar no valor que colocaram no papel moeda, não vou acreditar que existem fronteiras, que existem pessoas jurídicas, contratos sociais, etc.
Eu vou acreditar que o Amor existe!
Se é pra acreditar em ficção prefiro acreditar no Amor, assim, ele pode se tornar concreto também.